Afinal, o que há de errado com o “folclore”?
- Categorias Cultura Popular
- Data novembro 9, 2023
Quando falamos em folclore, de maneira quase intuitiva, na mente de todos nós surgem imagens, sons, odores, lembranças que possuem um contorno pouco nídido, mas que de alguma forma cabem parecem estar interconectadas. As lendas da infância, danças que aprendemos na escola, festas que aconteciam nas ruas. O que, afinal, é folclore?
De acordo com o doutor em Comunicação pela UFRGS, Andriolli Costa, a palavra é um neologismo que opera como macro-conceito relativo à cultura popular. A palavra origina do inglês “folk” e “lore”, e em tradução livre, seria algo como a “cultura ou saber do povo”. Foi uma nomenclatura criada por William John Thoms e opera pretensiosamente em grande amplitude, abarcando em seu bojo medicina, contos populares, danças, cantigas, lendas e mais. Com uma quilometragem tão grande, não específica, aparentemente qualquer coisa que façamos pode ser folclore, não?
Sabemos que as características do que pode ser definido ou não como “folclore”, foram e ainda o são debatidas por intelectuais no Brasil e no mundo, e não se chegou em consenso pleno, mas algumas características debatidas em uma tentativa de agrupar tantas diferenças um único termo, são, por exemplo: origem anônima, o que é bastante controverso; transmissão oral; popularização coletiva e surgimento espontâneo, são algumas delas. Não é preciso ser um grande especialista para saber que esses são pilares frágeis.
Talvez o mal-estar resida justamente na categorização que cunha uma cisão imaginária entre “cultura” e “folclore”, há uma dicotomia subentendida entre duas coisas: os saberes institucionais, elevados, práticos e científicos, e o folclore, algo relegado ao povo, ao popular, ao menor, rústico e fantasioso. Em suma, existe uma hierarquia de conhecimentos produzida a partir de como as elites intelectuais enxergam e categorizam os diferentes saberes, comunidades e culturas, relegando a uma categoria apartada do conhecimento “universal” produzido por todos os seremos humanos.
Apesar de ter se tornado um termo muito comum que segue sendo ensinado em escolas e reproduzido diversas vezes em diferentes situações da nossa vida, é preciso refletir sobre os diferentes pesos que são dados para determinados saberes, e questionar a desigualdade das produções criativas ditas como populares. Afinal nunca se sabe mais, se sabe diferente.
Tag:cultura popular, folclore
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