O Natal Brasileiro
- Categorias Cultura Popular
- Data dezembro 11, 2023
Árvores natalinas que remetem às florestas das regiões frias da Europa e América do Norte, neve sintética, renas, meias de lã, lareiras e Papai Noel. Esses são alguns dos símbolos que invadem a imagética de muitos brasileiros em dezembro, aqui, debaixo da linha do Equador.
A mais popular festividade da tradição cristã bebe de uma série de fontes de referências que, a depender da localidade, irá aglutinar diferentes presenças culturais. Principalmente nos centros urbanos, vemos uma versão pasteurizada e conduzida por valores norte-americanizados e estranhos ao cenário brasileiro, dialogando com os aspectos das comensalidades e práticas de compra e venda. Estamos falando, sim, do Natal que decora lojas de Shopping Centers e estimula o consumo.
Contudo, não é apenas desta forma que as diferentes comunidades brasileiras vivem e interpretam o ciclo natalino, período que vai de 23 de dezembro a 6 de janeiro. Há um conjunto de eventos, ações e festividades que mostram diferentes lados da memória da população relacionada à cristandade.
As festividades que pertencem ao calendário oficial são espaços permanentes de embate entre identidades e modos de viver, o que as torna eventos para compreender e dramatizar a experiência humana. Neste sentido, teremos apropriações e reinterpretações do Natal pela ótica negra, indígena, operária, pobre e latina, o que resultará em uma miscelânea imprevisível de expressões orais, escritas, visuais ou dançantes.
Indígenas das etnias Guarani de Imaruí e Kaingang de Chapecó celebram a data cristã com música e danças típicas. Para eles, Papai Noel está associado ao ancião da comunidade, fazendo uma releitura decolonial de um dos personagens mais tradicionais do natal contemporâneo.
“Essa valorização da pessoa mais velha, e o Papai Noel é essa figura da expectativa, da espera da criança que vai trazer algo. Na comunidade a pessoa mais velha traz sabedoria, conhecimento que é acumulado historicamente pelo povo. E fazemos essa associação, entre o Papai Noel e o ancião da comunidade”, afirmou o indígena Kaingang João Batista Antunes.
Não são raras as celebrações tradicionais que mobilizam matrizes religiosas distintas. Um exemplo é a Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim, ou apenas Lavagem do Bonfim, que integra o calendário litúrgico e ciclo de festas do Largo de Salvador. Durante o mês de janeiro, a celebração reúne ritos e representações religiosas afrodescendentes e europeias. A festa se inicia um dia após o Dia dos Santos Reis, que conclui o ciclo natalino.
Por isso, vale sempre dizer que não existe um Natal, mas Natais brasileiros. Precisamos pesquisar e compreender qual deles faz mais sentido para nós, nossa comunidade e nossos afetos.
Fonte: Iphan, G1.
Tag:cultura popular, natal
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