Pessoas com Deficiência e Cultura Popular
- Categorias Cultura Popular
- Data setembro 22, 2023
Que a cultura popular é uma tecnologia do povo para criar e recriar a si, garantir a memória dos seus saberes e sua permanência nos espaços e claro, se divertir, todo mundo já sabe, né não? Bom, se não sabem já estão sabendo. Agora vem a pergunta: ela é para todo mundo? Quem cabe na totalitária e generalizada palavra “povo”?
Importante dizer que o povo, as pessoas, a comunidade, são feitas por uma multiplicidade imensa de indivíduos que possuem corporalidades diferentes. Como então a cultura popular dialoga com a realidade de Pessoas Com Deficiência, por exemplo, é um questionamento interessante e mostra a plasticidade das manifestações culturais e seu potencial para ajudar a sociedade a construir uma visão mais ampla e, portanto, inclusiva.
Existem muitas particularidades dentro do espectro das PCD, as deficiências motoras, intelectuais e múltiplas que irão propor novos paradigmas para as práticas culturais, sejam elas manifestas na dança, música, teatro ou artes visuais. E é exatamente essa quilometragem criativa que faz a arte tão interessante e ferramenta poderosa para manutenção da democracia. Todos podem mostrar seu ponto de vista a partir de uma mesma situação, de forma que o todo acesse esse prisma e escape da unidimensionalidade ao enxergar a vida.
Podemos citar alguns exemplos: a inserção de ferramentas de acessibilidade como cadeiras de rodas, muletas em danças tradicionais como o coco que propõe novas coreografias, incorporando prolongamentos do corpo. Ou ainda o festival “Os Craques de Libras”, realizado pela Associação de Surdos da Grande Florianópolis, mostrando que nas comunidades surdas, há pessoas com o dom de criar e apresentar narrativas, poemas e piadas utilizando Libras.
A criatividade linguística presente no corpo, a estética de como essa arte se manifesta é que imprime emoções e beleza às performances, que por sua vez não estão cerradas em uma única e universal corporalidade. Na troca de saberes e na criação de novas leituras do popular é que podemos estabelecer espaços culturais e políticos de maneira revolucionária e pra todo mundo. Todo mundo m-e-s-m-o.
Você também pode gostar
O Natal Brasileiro
Afinal, o que há de errado com o “folclore”?
Aulão: Danças Brasileiras para o Aprimoramento do Corpo Cênico
Aulão Gratuito: Danças Brasileiras para o Aprimoramento do Corpo Cênico Parte 1 Parte 2 Matricule-se Matricule-se