A Imprensa Poética: Cordel
- Categorias Cultura Popular
- Data setembro 26, 2022
Hoje vivemos a consequência de uma série de revoluções da tecnologia. O digital, o cibernético, a fibra-ótica e tantas outras palavras e significâncias hoje integram o corpo da comunicação contemporânea.
Mas por mais de 300 anos, antes e bem antes da vastidão de possibilidades em que a palavra poderia repousar, o Brasil foi terreno fértil de uma potente literatura oral.
Sem imprensa própria ou regularidade editorial, antes de 1808 as histórias, lendas, cantos, poemas, crenças e notícias do Nordeste corriam pelas cidades por meio da voz de cantadores. Impregnado pela imagética cristã medievalista, esse mesmo Nordeste era o cenário ideal para a produção da clássica literatura de cordel, que hoje possui incontáveis ramificações tanto em temática, quanto em forma.
Após o acesso a métodos de produção editorial ser facilitado, os folhetos de cordel eram originalmente produzidos rusticamente, usando o sistema de linotipia. As capas, quase sempre feitas de papel barato, continham ilustrações produzidas por diferentes técnicas como a xilogravura.
O cordel sempre foi uma expressão popular, feita com materiais de fácil acesso e voltadas para as vivências do povo. Portanto, trata-se de um registro precioso da cultura, crenças, aspirações e criatividade das camadas mais pobres da sociedade nordestina.
A cultura não é fórmula exata, nem um acaso de migrações ou algo que se mantém em permanência, então cada folheto ao longo do tempo é uma fotografia dos humores e fatos sociais de uma comunidade, impregnados na figura do autor. O cordel, então, passa a ser uma crucial fonte de informação para investigar o que, afinal, é o Brasil e sua infinita bricolagem.
O Instituto Brincante não poderia ser alheio a uma manifestação tão poderosa da cultura popular, por isso ele abriga o Acervo de Cordel da coleção de Antonio Nóbrega.
O projeto busca contribuir com a continuidade do saber cordelista a partir do valioso acervo particular de Antonio Nóbrega, acumulado ao longo de uma vida de ricas andanças pelo país. Soma-se a ele a coleção do jornalista Luiz Ernesto Kawall, com publicações atuais e outras raras, sendo algumas com mais de cem anos de idade.
O acervo conta com mais de 6 mil obras. Todo o material está disponível em uma biblioteca física no Instituto Brincante, em São Paulo, para consulta presencial, e este site traz todos os exemplares que já são de domínio público.
Você também pode vir conhecer essa preciosidade da criação brasileira, navegar pelo acervo e ver as obras que compõem a coleção, basta entrar em contato conosco.
Você também pode gostar
O Natal Brasileiro
Afinal, o que há de errado com o “folclore”?
Aulão: Danças Brasileiras para o Aprimoramento do Corpo Cênico
Aulão Gratuito: Danças Brasileiras para o Aprimoramento do Corpo Cênico Parte 1 Parte 2 Matricule-se Matricule-se