Na Rima – Poesia Popular Brasileira, por Antonio Nóbrega
- Categorias Cursos
- Data julho 25, 2022
Sempre que me perguntam porque resolvi criar um curso de poesia rimada, respondo que é principalmente para fortalecer e mesmo enriquecer os nossos armazéns neuronais.
Sou um empirista em matéria de neurociência mas, pelo que leio vez por outra, a atividade lúdica de inventar versos amplia o nosso território neuronal. Como também inventar brincadeiras coreográficas com passos e movimentos corporais que dominamos amplia.
A poesia popular brasileira é de uma intensa riqueza lúdica. Não sei de algum lugar no planeta que tenha na atualidade um plantel tão exuberante de gêneros e modalidades poéticas quanto o Brasil (espero que essa declaração de mérito para o país supere a de demérito por termos à frente da nação talvez o pior presidente do planeta dos tempos atuais…).
São modalidades ou formas poéticas que têm na rima e na métrica elementos balizadores. Por exemplo, uma sextilha é uma modalidade cuja métrica do verso é a de sete sílabas – a tal da redondilha maior – e a rima ocorre entre os versos pares. Lá vai um exemplo dessa estrofe do poeta Manoel Pernambuco que vive no meio rural pernambucano:
Tem um galo-de-campina
ali cantando de estalo.
Quando eu canto ele me escuta,
quando ele canta eu me calo.
Nem eu sei o que ele diz
nem ele sabe o que eu falo.
Beleza de tirocínio, não é?
Mas além da sextilha há uma infinidade de outros tipos de estrofes: quadra, quadrão, embolada, Martelo agalopado, Galope beira-mar, samba de dez…é um nunca acabar! Essa frase aí, não é retórica não. A poesia popular brasileira, através de sua vertente nordestina, é tão versátil que oferece até a possibilidade de você criar a sua estrofe, ou seja personalizar a sua fala poética. Portanto, ela não se acaba nas formas já consagradas pela tradição. Mas para você criar ou inventar a sua estrofe você tem primeiramente, é claro, de interiorizar, dominar, internalizar os padrões e estruturas básicas dessa forma de fazer versos.
Depois de atravessar esse estágio, aí sim, você pode, pra usar uma palavra da moda, customizar a sua dicção poética. Os grandes poetas da língua portuguesa – Cecília Meireles, Chico Buarque de Holanda, Noel Rosa, João Cabral de Melo Neto – fizeram isso magistralmente.
Nem todo mundo, evidentemente, vai chegar a se emparelhar a esse pessoal, mas todo mundo, à medida que pratique, vai ter um cérebro, uma consciência mais apta e amplificada para enfrentar os desmantelos desse mundo cada vez mais sem poesia. Essa é a minha aposta com meu curso.
Tag:antonio nóbrega, cursos, na rima, poesia
1 Comentário
Fiz e recomendo este curso. Nóbrega conhece como poucos os segredos da nossa mais genuína expressão poética – a poesia popular – e transfere seus conhecimentos com generosidade, uma seriedade leve e na medida exata para tornar, cada aula, um encontro alegre, rico e divertido. A vontade que dá é de fazer de novo todas as vezes que abrem vagas. Recomendo demais!!!